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Bartomeu atribui chegada antecipada de Neymar a pedido de Tito Vilanova

Rádio divulga depoimento de presidente do Barça à Justiça, em que tenta explicar negociação, que seria concluída só depois da Copa. Adiantamento fez custo subir


Josep Maria Bartomeu depoimento (Foto: Reprodução)

Rádio divulga depoimento de Bartomeu
(Foto: Reprodução)
O conteúdo do depoimento do presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, à Justiça espanhola veio à tona nesta sexta-feira. A rádio catalã "Cadena SER" divulgou vídeos e áudios da fala do mandatário ao Juiz Pablo Ruz, responsável pelo processo que investiga fraudes fiscais na contratação de Neymar pelo clube. No relato, feito no dia 13 de fevereiro, Bartomeu atribui a chegada antecipada do brasileiro - que fez o custo do negócio subir - a um pedido do técnico Tito Vilanova, morto há cerca de um ano.
- Falamos com nosso treinador, que naquele momento era Tito Vilanova, e ele pediu ao presidente e a mim se poderíamos adiantar a chegada do jogador ao clube em um ano, que fazia falta ao time um jogador como Neymar. Ele queria adiantá-lo para 2013, em vez de trazê-lo no verão de 2014 (julho), como estava previsto. A intenção da família Neymar era, ao fim da Copa, sair de seu país, mas o pedido de nosso técnico era esse, e tentamos atendê-lo. Sandro (Rosell, ex-presidente do Barça), que tinha uma boa relação com o pai, falou com ele, e em junho vimos que haviam chegado a um acordo para trazê-lo a Barcelona um ano antes do previsto - relatou Bartomeu.
A Justiça espanhola acredita que tal adiantamento forçou um aumento de cerca de € 42 milhões (R$ 144,7 milhões) no custo na operação - que teve valor de € 17,1 milhões (R$ 59 milhões, atualmente) divulgados inicialmente pelo Barcelona, e foi alterada com a adição de € 40 milhões (R$ 137,8 milhões) pagos pelos direitos diretamente ao jogador, além de luvas, bônus e outros acordos com o Santos e a N&N, empresa do pai e empresário de Neymar, chegando a € 86,2 milhões (R$ 297 milhões). Diante da investigação da Justiça, o clube ainda fez um pagamento preventivo de € 13,5 milhões (R$ 46,5 milhões) para evitar "possível divergência interpretativa. 
Josep Maria Bartomeu depoimento (Foto: Efe)Bartomeu falou a Pablo Ruz em fevereiro deste ano (Foto: Efe)

Bartomeu afirmou que o pedido de Tito ocorreu em fevereiro de 2013, em Nova York, onde o ex-treinador realizava tratamento contra um câncer na glândula parótida. Vilanova teria que abandonar o comando do time meses depois, sem condições de saúde para acompanhar a equipe, dando lugar a Tata Martino. O atual presidente garante que não teve participação nas conversas com o Santos e o pai de Neymar, cabendo esta função apenas a Sandro Rosell.
O mandatário do Barcelona disse que a diretoria não tem poder sobre os valores declarados à Receita, uma vez que têm cargos institucionais, e não executivos. Para explicar a grande quantidade de contratos envolvendo acordos como um com a Fundação Neymar Jr., Bartomeu comparou a contratação do brasileiro à de Beckham.
- Nunca havíamos contratado um jogador como Neymar. Chegou ao nosso clube com um monte de patrocinadores. Não é só um jogador de futebol, é uma estrela mundial e tinha uma série de acordos. Me lembrou muito uma outra contratação muito midiático que houve na Espanha, que foi Beckham. Além de um jogador de futebol, contratava-se um jogador midiático. Neymar é um caso parecido, é um jogador que traz patrocinadores e um entorno além do futebol. Tem um marketing espetacular. Fizeram muito bem seus pais e assessores, e ao Barça nos interessou muito ter seus direitos individuais em certo mercado - disse.
Com a investigação em curso, a Audiência Nacional solicitou a Pablo Ruz nesta semana dois anos e três meses de detenção para Bartomeu, vice-presidente na época de Sandro Rosell, que renunciou ao cargo diante das polêmicas sobre a chegada do camisa 11. Para Rosell, a pena pedida pelo Ministério Público é de sete anos e três meses. O Ministério Público também solicita que o clube seja multado em € 33 milhões (R$ 115,3 milhões). O pai de Neymar não será citado no processo.
O Ministério Público calcula que a fraude na compra do astro brasileiro gire em torno de € 13 milhões (R$ 45,4 milhões), que seriam de impostos não-pagos em cima de diferentes contratos "secretos", com Neymar e seu pai, de 2011 a 2013. A Audiência afirma que Rosell tentou disfarçar o alto custo do negócio com pagamentos divididos, tendo Bartomeu como cúmplice.

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